quarta-feira, fevereiro 21, 2007

"Maria... la chiave!"

... disse o Roberto para impressionar a principessa.

Hoje vou construir estradas novas para o interior e levar comigos anos de chumbo depositados à beira mar, para equilibrar este país inclinado para poente.
Vou pegar no meu plano tecnológico, nos meus 150 mil empregos e enfiá-los no meio do terreno montanhoso de Trás-os-Montes e no deserto do Alentejo.
Levo a Educação comigo para os dormitórios das periferias e aceno com a segurança e com estudos para rentabilizar meios.

Mas faço as estradas para o interior e fecho os hospitais, as maternidades e as urgências. Aumento os rendimentos dos taxistas, porque não há transportes públicos. Nem tudo é mau. Os dois ou três taxistas que servem 15 aldeias ficam contentes. Quinze? Menos duas, dentro de pouco tempo, porque os velhos morrem e os novos fogem. Fogem para onde há hospitais e maternidades e urgências.

Faço-me à estrada nova e percebo que o alcatrão não trata os esgotos, nem dá electricidade, nem aumenta as reformas de miséria, porque se dou o caminho para o desenvolvimento, retiro o que o faz desenvolver.

Pego nos 150 mil empregos e retiro os nove mil que foram criados em dois anos. Faltam 141 mil, está quase.

Vou aos caixotes das periferias onde fui guardando vidas e tiro-lhes a polícia. Racionalizo meios que não tenho.

Hoje quis ser governante e fi-lo até agora. Tive a chave e fui fechando fábricas pela fechadura que a eleição me deu.

1 comentário:

Margarida disse...

Metalúrgico, muito bom este texto. Tardas mas não falhas.