segunda-feira, dezembro 29, 2008

É...

Sou oficialmente um insensível. Não sinto cheiros nem sabores. Só dores no corpo todo.

segunda-feira, dezembro 22, 2008

Curiosidades

E como se chama o responsável do Observatório de Segurança das Estradas que concluiu que as auto-estradas portuguesas potenciam a formação de lençóis de água?

Luís Salpico.

sexta-feira, dezembro 19, 2008

Do jornalismo

Quando entrei na redacção d'O Comércio, já lá vão sete ou oito anos, as primeiras coisas que o Rock me ensinou - e que criou em mim um hábito que mantenho até hoje - foi que a primeira coisa a fazer quando se chega ao jornal é ler os jornais do dia. Hoje, é preciso ler os jornais do dia, dar uma volta pelos sites e, de preferência, ouvir os noticiários da manhã na rádio, para além da Sic Notícias e, se houver tempo, a RTPN.

Outra das coisas que aprendi foi que o trabalho de um jornalista é, também, pôr os intervenientes na notícia a falar correctamente. Pode não parecer, mas é um contributo importante para os leitores externos, chamemos assim, e para aqueles que citados entre aspas na peça.

É, por vezes, um desafio tremendo para os jornalistas que cobrem desporto. Não só, mas também para eles. Não é fácil pôr alguns presidentes, treinadores e jogadores e falar português correcto. Vem isto a propósito de uma notícia da Lusa que está online no Sol, onde pode ler-se que um responsável de um sindicato afirmou que a greve tem uma adesão "superior a 100 por cento".

Daqui, para além do lapso ou ignorância do sindicalista, podemos confirmar o lapso ou a ignorância do jornalista e do editor. Ou então, uma tremenda sucessão de mal-entendidos. Ou, como disse mais lá para baixo, anda mesmo tudo a nanar.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Natal

Pedintes; esmolas; multidão; confusão; gripe; frio; chuva; presépio e o menino ao frio; prendas; embrulhos; laços; doces; correr; luzes; pinheiro; mais pedintes; Legião da Boa Vontade; Banco Alimentar; mais pedintes; Popota e Tony Carreira; perfumes; meias; meias inteiras; bacalhau; batatas; polvo; farrapo velho; roupa nova; amigos; sms; emails; mais frio; mais pedintes; acabem com os semáforos; telefonar; postais; Natal dos Hospitais; crise; contas; jantares de Natal; amigos esquecidos; remorsos; lixo; família; rir; bombeiros; lotaria; comer...

quarta-feira, dezembro 17, 2008

Revolta

Desde há anos que anda uma série de pessoas a olhar para o sol, as estrelas, os pólos, o gelo, o buraco do ozono e o caralho e a encherem-nos a cabeça com o filho da puta do aquecimento global.

Aquecimento global?! Onde??

HÁ SEMANAS QUE ESTÁ UM FRIO DO CARALHO!

terça-feira, dezembro 16, 2008

Um Toninho aos saltos

Raismapartam se eu não tinha pensado neste gajo, mesmo hoje de manhã, quando lia que o Manuel Alegre já não diz que disse o que disse, no seu habitual nem sim nem não, antes pelo contrário.

A histeria maratonista louçaniana de uma alternativa que vá a votos, saída da boca de Manuel Alegre, contrasta com o BE a concorrer sozinho às legislativas, como disse o seu líder numa entrevista à RTP. Isso passou tudo a secundário. Mesmo com todas as contradições inerentes às duas figuras, que não são mais que as contradições evidentes de quem não tem uma linha de rumo ou um fio condutor por onde possa pegar-se. Alegre pode bem falar no milhão de votos, que não terá ao lado de Louçã, e Louçã iludir-se com mais um agregado, que ao BE apenas trará ainda menos coerência e credibilidade. E as franjas - tão queridas ao BE - jamais votarão Alegre por tudo o que ele representa em três décadas de Parlamento: nada.

Se pessoalmente me deixa fulo da vida o tom Eduardo Sá com que às vezes fala comigo, também é verdade que Rock me proporciona momentos interessantes de debate. Para quem não conhece, é mais ou menos como aquele gajo que deixa o porto numa caravela para chegar à Índia mas, quando vai a ver, percebe que chegou às Berlengas - e justifica: As Berlengas também são um continente, só que em pequenino.

Não deixes é cair o R à Revolução, nem subestimes o poder da rua. Tira-te algum brilho e a história mais ou menos recente vai-te provando o contrário. Para além de deixar-te demasiado parecido com quem concebeu estes outdoors, em 2004, lembras-te?


A terminar, meu caro, as revoluções são como o amor: eternas enquanto duram. E eu, que nem sou um romântico, acredito que há amores que podem ser para toda a vida.

A virtude de ser diferente

Sair uma centena de militantes de um partido com alguns milhares não é significativo. Importava também saber quantos entraram. Mas, mais que isso, perder um deputado também não é significativo. Disse-o o Mário Bettencourt Resendes, comentador de política da TSF, enquanto eu ainda esfregava os olhos com o sono.

É por este tipo de coisas que tenho orgulho em ser comunista. Quando se deu o afastamento de Luísa Mesquita foi um caso nacional. E ainda bem. Ainda bem que reconhecem uma forma diferente de ser e de estar ao PCP.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Anda tudo a nanar??

Ontem, a Lusa noticiava isto, que encontrei online no Público:

07.12.2008 - 20h45 Lusa

"O Governo vai proceder, em 2009, ao recrutamento de dois mil novos elementos para a PSP e para a GNR, e construirá sete carreiras de tiro para treino, disse hoje, em Famalicão, o ministro da Administração Interna".

Em 05.09.2008, na SIC

"O nosso esforço contempla a duplicação de investimento nas forças de segurança até 2012, de acordo com a lei da programação", disse Rui Pereira, salientando que privilegia também o equipamento das forças de segurança com armas de fogo. Rui Pereira adiantou que o Ministério da Administração Interna não descura a necessidade de treino com essas armas e que, por isso, até ao fim do ano estarão concluídas pelo menos sete novas carreiras de tiro".

Aliás, quer-me parecer que já durante a discussão do OE para 2009, o ministro foi confrontado com uma pergunta sobre as carreiras de tiro. A resposta foi que "os srs. deputados ainda vão ter uma surpresa".

Mas se calhar sou eu que tenho uma grande memória e me lembro destas coisas todas...

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Ainda o XVIII Congresso do PCP

Reunião do Comité Central de 11 e 12 de Novembro de 2005

O XVII Congresso do PCP realizado em 26, 27 e 28 de Novembro de 2004 colocou como questão central a dinamização e a concentração da atenção do colectivo partidário no lançamento e concretização de uma nova fase do movimento geral de reforço da organização partidária. Em 11 e 12 de Novembro de 2005 o Comité Central, concretizando as orientações do XVII Congresso, aprovou a resolução:

«Sim, é possível! Um PCP mais forte».

O discurso de encerramento de Jerónimo de Sousa, com o recurso ao "Sim, é possível", mereceu desde logo doutas considerações de vários comentadores da nossa praça. Desde a acusação de vendidos ao capital, por recuperar um slogan de Obama, até à falta de imaginação.

Este facto prova duas coisas:

1 - Para além de demonstrar que única coisa que conhecem do PCP é o espaço das Teses destinado à situação internacional e, mesmo esse, utilizam-no abusivamente, com conclusões facciosas, mais na linha do que gostariam que o PCP fosse, do que aquilo que o PCP é.

2 - O evidente subacompanhamento das iniciativas do PCP. De outra forma, como observadores atentos da realidade, certamente que teriam tomado conhecimento desta iniciativa, que decorreu em 2005.

Ou então é só mesmo imbecilidade.

Verdade!

Acredito que o secretário de Estado Jorge Pedreira fale verdade quando diz que a maioria das escolas está aberta.

Não é preciso ser muito inteligente para perceber isso. A greve de hoje é dos professores e não dos auxiliares de acção educativa...

terça-feira, dezembro 02, 2008

Que seca!

O XVIII Congresso do PCP foi uma seca para algumas pessoas.

Não me vou dar ao trabalho de linkar todos os textos - ou sequer alguns - da blogosfera sobre o que foi escrito. Mas posso garantir que é inversamente proporcional ao que foi possível acompanhar na Comunicação Social.

Tanta coisa aconteceu no Campo Pequeno! E há gente que até se entretém a escrever sobre o que nunca aconteceu.

  • Congresso à "porta fechada" - Transmitido em directo em pcp.pt;
  • Honório Novo foi purgado - Saiu a pedido do próprio;
  • Vítor Dias passou de ortodoxo do Comité Central a uma luz no fundo da ortodoxia comunista. Na hora da saída, claro;
  • "Congresso marcado por críticas ao BE" - Para além de Jerónimo, apenas outras duas intervenções referiram o Bloco. As que se referiram ao Sá Fernandes não contam, já que ele não é do Bloco;
  • Eleição dos órgãos do CC à porta fechada - Sim, porque as escolhas das DN do PS, do PSD, do BE e do CDS são à porta escancarada;

Enfim, tanta coisa, tanta. Basicamente, se o Comité Central não sofresse alterações, o PCP era imobilista e mais do mesmo; se há alterações no Comité Central, os que saem é porque são purgados, os que entram são estalinistas. Nada de novo, portanto.

O que realço, mais uma vez, é a semelhança dos posts de tantas áreas diferentes da política. O PCP incomoda mesmo!

sexta-feira, novembro 28, 2008

Vou andar por aí

ou por aqui...




curiosidades

Curioso foi ver ontem o Corredor do Poder. Não foi curioso o acto de ver, porque acho foram poucas ou nenhumas as vezes que perdi o programa, mas antes o que vi:

  1. A moderadora - uma espécie de suporte para o representante do PS - a afirmar que "aquilo que os portugueses questionam, neste momento é para que serve uma comissão parlamentar" [sobre o caso BPN], dirigindo-se a Margarida Botelho [PCP], com quem consegue ser tão arrogante como era com o Soeiro [BE] - independentemente de eu achar que ele não tem uma presença credível, principalmente em discussão directa com o Nuno Melo [CDS].
  2. A resposta da Margarida Botelho - que tem melhorado muito desde o início do programa - sobre o que realmente faz os portugueses questionarem-se: Como foi possível a supervisão do BP ter falhado desta forma e o critério do Governo para segurar empresas. Financia a banca e esquece o resto. Os exemplos: 20.000.000.000.000 de euros para recuperar a banca. Não tem 6.000.000 de euros para aguentar a Ceres de Coimbra ou um valor semelhante, que é o necessário para as minas de Aljustrel.
  3. O Marco António [PSD], de imperador, só mesmo o nome. Estava assim murchito, a falar do BPN, vá lá saber-se os motivos...
  4. Ver o Marco Perestrelo [PS], que, como disse acima, safa-se mais devido ao auxílio da moderadora do que pelo mérito próprio, deixar Ana Drago [BE] sem resposta ao acusá-la de mentir, fundamentando devidamente os motivos. Acho que foi a primeira vez que vi a menina do Bloco demonstrar nervosismo e desorientação.

Post it: Não sei bem por que motivo, mas o Poker Alho saiu ali do lado. As minhas desculpas ao gajo que parece que até faz anos ou hoje. E parabéns.

quinta-feira, novembro 27, 2008

Quem faz mesmo, mesmo, mas mesmo falta?

No último dia de campanha, José Sá Fernandes e o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles estiveram nas instalações da Docapesca para denunciar aquilo que chamam de "plano secreto" para a frente ribeirinha, que as candidaturas de António Costa e Carmona Rodrigues se recusam a revelar antes de domingo.



O novo executivo da Câmara Municipal de Lisboa, liderado pelo socialista António Costa, toma posse esta quarta-feira e, de acordo com um comunicado do Partido Socialista enviado aos órgãos de comunicação social, foi conseguido um acordo entre o Bloco de Esquerda e o PS para a autarquia.



Contudo, constata-se que "o estado de execução do acordo de políticas estabelecido para a CML é de grande atraso em diversos aspectos centrais para uma mudança na cidade". Critica-se o executivo por não travar a batalha por uma política anti-especulativa para a habitação, pelo "atraso irreparável" na reestruturação das empresas municipais, ou por ser conivente com a "concessão sem concurso de uma extensão do prazo de negócio da Liscont/Mota-Engil no terminal de Alcântara", demonstrando "uma grave cedência aos interesses económicos que colonizam a cidade de Lisboa."

quarta-feira, novembro 19, 2008

Tu queres ver...?

Pelo que disse ontem, Manuela Ferreira Leite arrisca-se a ser a próxima ministra da Educação deste Governo...


Post-it: Piada fácil: Caiu-lhe a máscara!

quinta-feira, novembro 13, 2008

Coincidência pura

Ontem foi decretado que os vegetais deformados e inestéticos regressam aos mercados.

Hoje regresso eu.

Coincidência, nãoa é??

quarta-feira, novembro 05, 2008

Enganei-me

Obama ganhou e ainda bem. A primeira parte do que escrevi ontem estava errada. O tempo dirá se também errei na segunda... Espero que sim!

terça-feira, novembro 04, 2008

Can he?

A Europa está suspensa à espera de saber o resultado das eleições nos EUA. Poucas vezes falei aqui sobre estas eleições e não altero uma linha ao que disse aqui em Fevereiro deste ano sobre o candidato Obama.

À hora a que escrevo este post, mantenho a convicção de que Obama não ganhará. Mesmo levando já a impressionante vantagem de 32 votos contra 16 - são os resultados conhecidos até agora.

Não partilho a euforia em torno de Obama e da mudança que poderá vir a significar. Pelo simples facto de que não o vejo como exterior ao sistema - olá Dias da Cunha -, mas antes como parte integrante do sistema e que fará exactamente o mesmo que os outros para manter tudo como está. Não tem interesse em combatê-lo. E que melhor forma de manter tudo como está do que prometer a mudança através da imagem? Neste momento, para mim, Obama é isso mesmo: Imagem.

Os europeus - e nós também, já agora - acreditam que Obama seria uma espécie de europeu no poder nos EUA. Obama é americano e continuará a sê-lo. E nós - e a Europa também - temos de perceber que a prioridade dele são os EUA, e, como a história nos prova, o bem para os EUA está longe de significar o bem para o resto do Mundo.

Caso vença - coisa em que, muito sinceramente, não acredito - será por uma margem bem menor do que aquela que as sondagens europeias divulgam, com vantagens absurdamente colossais, e isso também terá peso numa eventual postura presidencial que tenha de assumir.

E um dos sinais que me leva a crer que as eleições não serão favas contadas foi o anúncio de meia-hora nas tv's americanas, que custou milhões de dólares a um candidato que promete ajudar aos mais desfavorecidos e a classe média. A equipa que suporta Obama tinha que saber alguma coisa que a opinião pública não soubesse para fazer um investimento desta envergadura, apesar de ter ventagem em todas as sondagens.

Como em Fevereiro, espero muito sinceramente estar enganado.

segunda-feira, novembro 03, 2008

Extra! Extra!

Ricardo Costa, na Sic:

"Este (o BPN) era um banco que já devia ter morrido, numa economia de mercado".

Pois. Mas não morreu e agora toca a reanimá-lo às custas de todos. Ricardo Costa consegue, numa só frase, explicar a génese da economia de mercado. Baseia-se em intenções e "dever ser". Mas não é. A regulação? O Constâncio que explique o que isso é. O que anda ele a fazer no Banco de Portugal. Ou o Greenspan. Ou tantos outros. Os verdadeiros utópicos.

Post-it: Então a Real Seguros fica de fora da privatização? Pois, às tantas dá lucro...

Post-it 1: O que vai acontecer aos trabalhadores do BPN?

E o burro era ele?




"Se é natural que alguns te esqueçam, como poderia o povo esquecer quem ergueu do chão os humilhados e ofendidos deste País, e com o seu nome assinou a Lei dos Baldios, a Lei do Arrendamento Rural, a Lei da Reforma Agrária, a Lei das Nacionalizações".

quinta-feira, outubro 30, 2008

Está tudo louco!

Soares e Alegre, dois putos nestas coisas da política, vêm afirmar a necessidade de repensar a Esquerda. Não é preciso muito, meus caros. Esquerda. Estão a ver? Esquerda...
Vamos lá então explicar: Esquerda é aquela coisa que é precisamente o contrário do partido que fundaram e do qual são militantes.


Post-it: Então não é que um dirigente de um partido de extrema-direita, nacionalista, anti-emigração, mais-ou-menos-anti-imigração e, por acaso, ex-emigrante, é líder de uma rede de emigração ilegal que recrutava trabalhadoras brasileiras especializadas na área do sexo?

terça-feira, outubro 28, 2008

Hã?

Diz-se por aí em várias notícias que a Islândia vai pedir ajuda aos países vizinhos.
Ok.

Vizinhos...
Vizinhos!
Vizinhos?!?!


Post-it: A Islândia é aquele ponto vermelho no meio do nada.

Tudo tem um preço

Quanto custa uma parede de contentores com uma extensão de 1.500 metros numa capital europeia?

Uma página de publicidade nos jornais diários.
Um Jorge Coelho na administração de uma empresa.

Aprender, aprender, aprender sempre!

*"O paradigma subjacente que, neste caso, insiste no conflito, no desequilíbrio e na descontinuidade, data igualmente de há uma centena de anos. Precisamente porque o conhecimento que ele produz constitui uma crítica total da sociedade existente, é natural que os beneficiários desta ordem social não o tenham aceite - em primeiro lugar as classes possidentes, que são também as detentoras do poder político. A economia marxista foi, portanto, rejeitada por todas as instituições estabelecidas da sociedade: os governos, as escolas, colégios e universidades. Em consequência, tornou-se a ciência social dos indivíduos e classes em revolta contra a ordem social estabelecida".

(...)

"A «investigação normalizada» no interior do quadro do paradigma marxiano tem sido, desde o início extremamente difícil de levar a cabo. Excluídos das universidades e dos institutos de investigação, os economistas marxistas não tiveram as facilidades, o tempo, o ambiente conveniente de que dispunham os outros investigadores. A maior parte deles teve de consagrar as suas vidas a outras tarefas , muitas vezes em sectores de actividade em sectores da actividade política que exigiam um trabalho esgotante e uma grande tensão nervosa. Em tais circunstâncias, , não é de espantar que tão poucas coisas tenham sido realizadas: pelo contrário, talvez se deva antes sublinhar o facto de tanto se ter concretizado nestas circunstâncias".

Paul M Sweezy

*"Para uma Crítica da Economia Política"
Publicações Escorpião - Cadernos o Homem e a Sociedade

Impresso em 16 de Março de 1973

sexta-feira, outubro 24, 2008

Economias ou a falta delas

Adam Smith dá duas voltas e meia na tumba, ergue a mão invisível para os céus, olha para César das Neves, João Miranda e outros que tais e diz, com a voz embargada pelo desalento:


Ainda sobre economias e finanças e coisas que tais, seria interessante saber quantos alunos do Ensino Superior aderiram aos empréstimos disponibilizados pelo Governo através da CGD, qual o montante global que atingiu e se estes empréstimos - realço - fomentados pelo Estado são ou não crédito de risco, uma vez que são créditos de pessoas que, à partida, nem sequer estão inseridas no mercado de trabalho, pelo que não possuem rendimentos..

E se o crédito não for cumprido, vão executar o quê? Assim de repente, só me lembro do calhamaço do Samuelson, que custa 70 euros. Mas quer-me parecer que este valor não cobre o preço da licenciatura...

terça-feira, outubro 21, 2008

Já não há Mandelas?

Hoje, estamos mais desiguais. Mais pobres mais pobres e ricos mais ricos. Os pobres de hoje são hoje menos pobres que os pobres de há 30 anos. Talvez. Mas quem e como o quantifica? Hoje, como podemos colocar em causa o que se passa no Mundo, se, ao longo das últimas décadas fomos ensinados a não pensar para além do pensamento único? Na ausência da necessidade de pensar se vivíamos o fim da história? Do fim das ideologias como forma de compromisso implícito um com os outros, em relação ao que cada um defende? Parece que, afinal, não o é. O Mundo está mais desigual. Se hoje os pobres são menos pobres, as necessidades básicas humanas são cada vez mais. E as básicas das mais básicas são-no há séculos. Hoje, se os pobres são menos pobres, um pão continua a ser um pão e uma mão cheia de arroz mata a mesma fome que matava num Mundo que há décadas vamos deixando morrer.
E o desespero das grandes crises arrasta consigo as respostas fáceis. Porque a necessidade é maior do que a moral e sentimos as mãos invisíveis vasculharem cada vez mais fundo nos nossos bolsos quase vazios.
De vez em quando, aparecem umas causas que nos unem. Fora do Natal, em que estamos todos unidos no amor às grandes superfícies comerciais e compramos postais à Unicef. Timor, África do Sul, Iraque, Afeganistão.
Darfur, Etiópia, Congo, Eritreia, Saara Ocidental e Curdistão conhecemos ao de leve. Como muitos outros. Nem interessa falar mais. Onde ficam?
Dessas causas nascem símbolos. Mandela. Independentemente da avaliação que hoje façamos deles e da desilusão que possam ter sido. Nascem símbolos para muitos milhares de outros Mandelas noutros países e com menos eco. Deram esperança e resistiram. Acreditaram no que agora parece ridículo acreditar: Justiça e Igualdade.

Se hoje não há Mandelas, há o legado que deixaram enquanto lutadores e resistentes.

Descansai ó desassossegados da blogosfera

quinta-feira, outubro 09, 2008

Vem aí!

A Visão arranca hoje com as habituais notícias pré-Congressos do PCP.

Tremei, ó comunistas cristalizados, que a liberdade vem em forma de carta de um militante.

Se a minha mãe, do Partido Socialista nas décadas de 80 e 90, escrever uma carta a explicar por que passou a militante do PCP, a Visão também publica?

segunda-feira, outubro 06, 2008

Guerras e guerrinhas

Sá Fernandes, vereador do BE, mandou retirar o cartaz do PNR por considerá-lo ilegal... depois de o Procurador-Geral da República ter afirmado que não o é.

Dois pontos:

1 - Ao substituir-se ao PGR, Sá Fernandes assume um papel próximo do ridículo;

2 - Tal medida só serve para incendiar ânimos e dar projecção a um partido que não a merece.

Afinal, o que quer Sá Fernandes? Comprar uma guerra - que não é dele - com os skins para fazer esquecer outras guerras em que se meteu?

Post-it: Evidentemente, acho o cartaz em causa absolutamente nojento.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Quando as flores murcham

Detesto insectos. Pronto. A partir daqui, é só um desabafo.

Não sei se as abelhas são formalmente consideradas insectos. Desconheço, não é área que me atraia. Apesar de a minha reserva pessoal se colocar, essencialmente, em torno dos rastejantes, a verdade é que os insectos voadores também me deixam desconfortável.

Ainda assim, apesar da repugnância que me causam, tenho alguma admiração pelas abelhas. Nomeadamente, na sua organização - chamemos-lhe assim - mesmo não sendo monárquico.

A capacidade de um insecto produzir algo como o mel deixa-me perplexo. Ainda mais a forma como procuram garantir a sua subsistência e a continuação da espécie. Retiram o néctar das plantas e espalham o pólen pelas restantes flores do jardim, para assim garantirem o seu modo de subsistência.

O programa Paulson é uma espécie de colmeia do capital.

Pega-se em 700.000.000.000.000 (?) de partículas de pólen e distribuem-se pelas abelhas, que entretanto acreditaram numa multiplicação miraculosa do número de flores e deixaram de o espalhar, colocando em causa o jardim. Pior ainda: a rainha, que deveria controlar toda a actividade da colmeia, caiu no mesmo erro e, enquanto houve flores, deixou o mercado do pólen funcionar.

Devemos aqui notar que as 700.000.000.000.000 (?) partículas de pólen injectadas pela rainha da colmeia foram sendo acumuladas, ao longo dos anos, através do contributo fornecido pelas flores, tendo em conta o bem-estar mínimo do jardim.

Assim, para agradar à colmeia, que durante décadas se sentou à sombra do pólen acumulado pela rainha e foi consumindo o néctar, esta distribui o pólen pelas abelhas para que, meio à pressa, façam chegar uns salpicos às flores e as levem a acreditar que vão voltar desabrochar e contribuir para o bem-estar do jardim. Desta vez, contribuir ainda mais, para que as 700.000.000.000.000 (?) partículas de pólen sejam repostas na colmeia, para além das que têm de cobrir as necessidades correntes.

A menos que as flores do jardim quebrem o ciclo.

domingo, setembro 28, 2008

Quem não tem cão: Parte II

Na sequência da posta anterior, uma rápida viagem pela blogosfera permite-me verificar o seguinte:

A esquerda fracturante, a esquerda moderna, a direita liberal e a direita conservadora usam o mesmo argumento - falso, diga-se - para criticar as Teses do Congresso do PCP.

E todos eles partem de um excerto cirurgicamente recortado da secção Internacional do projecto de Teses.

Basicamente, entre fracturantes, modernos, liberais e conservadores, só muda o cheiro; o método, é o mesmo...

sexta-feira, setembro 26, 2008

Quem não tem cão...

... caça com gato! E deve ser por isso que o Daniel Oliveira, à falta de teses, programa ou ideologia no seu partido, se apressa a dar enorme relevância ao documento colocado à discussão dos militantes do PCP... Ah! Com a foto do Estaline a acompanhar a posta, claro. Só não fala nos comunistas que comem criancinhas, mas deve ter sido falta de espaço.

Num bloco que se considera tão à esquerda, ainda é possível ir beber ao argumentário da direita.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Andem lá com isso!

Vamos lá acabar com esta discussão patética do casamento homossexual. Deixem casar quem quer casar para podermos preocupar-nos com coisas que deveriam ser bem menos básicas do que o direito de um cidadão a casar com quem bem entende.

Nem que seja com um Toyota.

segunda-feira, setembro 22, 2008

Liberalismos

Para o liberal Pedro Passos Coelho, "o subprime permitiu a milhões de pessoas da classe média-baixa adquirirem casa própria", segundo a entrevista ao Rádio Clube.

Curioso. Ia jurar que o subprime gira em torno de pessoas que jamais terão casa própria - embora o facto de lhes concederem um crédito as faça acreditar que sim. Que o digam os três milhões de norte-americanos que já ficaram sem as casas próprias. E parece que até final do ano vão ser mais dois milhões.

quinta-feira, setembro 18, 2008

Videovigilância - onde acaba o desejo de segurança e começa a filhadaputice

Hoje, por motivos que não interessam agora para aqui, fui ao Norteshopping comprar um ramo de flores.

Duas jovens, simpáticas, atenderam-me na perfeição. Apesar de os ramos serem bastante caros, confesso que não roubei qualquer deles. Mas podia tê-lo feito. Podia, porque a única câmara de vigilância que existe no local aponta, directamente, para a caixa registadora.
Daqui, podemos concluir que o que preocupa o patronato não é quem rouba nas lojas, mas sim os empregados que, não raras vezes, impedem esses mesmos roubos. Têm mais medo dos empregados do que dos clientes, e se isso não é uma filhadaputice, então não sei o que é.

Numa altura em que alguma esquerda descobriu a actualidade dos escritos de Marx e Engels - e a direita zurra pela intervenção do estado como paliativo para o sistema que criaram e que defendem -, por questões macroeconómicas, vem isto provar que também nas questões micro pode avaliar-se uma matéria tão importante como a confiança que um trabalhador tem no seu patrão. E o contrário. Que tipo de relação com o trabalhador pretende este empresário? E, já agora, onde está a pessoa que visiona as imagens? Será como no El Corte Inglès, que o fazem a partir de Espanha?

Já tinha ouvido falar nestes exemplos há mais de três anos, quando, por tarefas que tinha na JCP, visitei - clandestino - vários shoppings do Porto. Mas nunca tinha visto algo tão flagrante. E tão filho da puta.

quarta-feira, setembro 17, 2008

Quem manda?

Ontem, um dos mais desastrados ministros veio aconselhar às petrolíferas uma descida dos preços dos combustíveis.

Hoje, a BP aumentou a gasolina em um cêntimo. Explicou um dos administradores que a BP Portugal não compra crude, só produto refinado. Ou seja, mesmo com a matéria-prima mais barata, a BP, supostamente, compra o produto final a um preço igualmente elevado. Ou seja, os gestores da BP devem ser bastante burros. Ou não...

Esta foi só uma demonstração sobre quem realmente manda neste rectângulo.

terça-feira, setembro 16, 2008

Constelações

"O treinador do Barcelona tem de gerir uma constelação de estrelas".

Sic Notícias
Era para ser uma constelação de ovos estrelados, mas ficaram-se pelas estrelas.

segunda-feira, setembro 15, 2008

Exigências - Outra vez

O Portugal Diário publicou hoje uma notícia - da Lusa - com um título esclarecedor:

GNR tem o triplo dos candidatos da PSP
Na peça não é referido que tenha sido solicitado ao MAI qualquer comentário sobre esta matéria, e é pena.
Convém recordar o que escrevi aqui, em 12 de Maio de 2008, para quem quiser ler na íntegra.
Para quem não quiser, aqui fica um excerto:
"Por outro lado, foi fixado o 11º ano de escolaridade como requisito de admissão ao curso de formação de guardas, garantindo a equivalência deste curso ao 12º ano de escolaridade. Esta medida constituirá, sem dúvida, um factor importante para a melhoria da qualificação dos militares da Guarda". Ver aqui o texto completo, com data de 3 de Dezembro de 2007.
No entanto, segundo o site da GNR, de acordo com o Diário da República de 6 de Maio de 2008, a exigência diminuiu, sendo apenas necessário o 9.º ano para concorrer a Praça, como pode ler-se no Aviso n.º 13803/2008 do Comando-Geral da GNR, alínea g do ponto 7: "Ter como habilitações mínimas o 9.º ano de escolaridade ou equivalente". Ver aqui o texto completo.

sexta-feira, setembro 12, 2008

As virgens, arrastões e outras piadas

Uma das pinturas nas muitas paredes da Festa do Avante! motivou este post tão engraçado do Daniel Oliveira. Passo, então, a reproduzir aquela que, para o Daniel, é uma frase que não faz sentido:


"O Partido é uma casa grande, pintada de cores alegres e cheia de pessoas felizes".


Nos comentários, o autor do blog afirma qual o sentido que faria se a frase fosse em relação a outro partido qualquer que não o PCP. Não poderia acontecer, pelo simples facto que nenhum outro partido consegue fazer tanto e tão bem como o PCP. E o Bloco bem tentou, há dois ou três anos...


Voltando ao que interessa, se, na frase, quiser trocar o PCP (Partido) por outro partido qualquer, deixaria de fazer sentido:


O PS é uma mansão grande em Cascais, cheia de gente gira, fashion e com bons empregos.

O PSD é um condomínio fechado, silencioso e com um segurança à porta a dar cartões de consumo obrigatório.

O CDS é uma casa a arder, só com o seu presidente.

O BE é uma tenda alternativa, cheia de pessoas diferentes, vegetarianas, giras e fashion.


Posto isto, avancemos.

Na caixa de comentários, o Daniel brinda-nos com uma série de considerações; que é uma frase infantil, que não faz sentido, entre outras. Eu poderia apelar ao sentido literário do Daniel e explicar-lhe que, durante a Festa do Avante!, o Partido transforma a Quinta da Atalaia numa casa enorme, salpicada com cores alegres e vibrantes e a abarrotar de pessoas felizes. Não o faço. Achava eu que o Daniel era um insensível.


No entanto, e na resposta às muitas respostas do Daniel, depois de ele ter revelado que foi cuspido por um militante comunista numa manifestação e insultado numa festa do Avante!, disse eu o seguinte: "O Daniel não pode sair à rua por causa dos skins, vai às manifs e é cuspido, vai à Festa e é insultado… Coitadinho do Daniel…". O que eu fui dizer. A partir desta frase, que pretendia ir ao encontro do tom agradável e engraçado que deu ao post, o Daniel conseguiu ver que eu estava a comparar comunistas e skins, indo mais longe: "Que triste serviço faz ao seu partido ao pôr os seus camaradas lado a lado com fascistas de extrema-direita".


Como é evidente e tive oportunidade de dizer-lhe, não é o Daniel que vai dar-me lições de como melhor servir o meu Partido, mas a sensibilidade demonstrada deixou-me surpreendido. No fim, acabámos os dois a concordar que o humor é subjectivo; que uma frase que o Daniel considera ridícula, para mim pode apenas ser metafórica; que o Daniel não acha piada a piadas com skins e comunistas.


Mas eu, como sou um gajo teimoso, vou mais longe e digo-lhe:


O Daniel não pode sair à rua por causa dos skins, vai às manifs e é cuspido, vai à Festa e é insultado e, qualquer dia, tem a malta do Bloco à perna por causa do Sá Fernandes em Lisboa… Coitadinho do Daniel.


E proponho-me desde já a fazer com ele uma compilação de imagens ou escritos engraçados. Aqui fica o meu contributo:

quinta-feira, setembro 11, 2008

11/9

Há sete anos estava num café da Rua Fernandes Tomás a ver um avião voar contra um arranha-céus. Foi o inesperado, o impensável.

Hoje, a Manuela Ferreira Leite está a falar e é mais ou menos a mesma coisa.

quarta-feira, setembro 03, 2008

Recordar é viver II

Todos correm atrás
de paz
e felicidade
Numa procura incessante
que faz
com que muitas pessoas
acabem
Desiludidas
ingenuamente suicidas
Totalmente perdidas
No labirinto da vida
Andando em círculos
Buscando saída de modo ridículo

E a cada

topada

nas pedras

da estrada

Alguém te observa
como quem não quer nada
Você não enxerga
você não escuta
o filha da puta
dando risada

E se qualquer canoa furada
alivia a depressão

você embarca
Pensa que é a tábua da salvação

Mas não haverá escapatória
na fuga ilusória
Buscando no pó
a vitória

Você fez o nó
Desfaça ele agora
Ou ele te enforca
Sem final feliz na história

Aí acabou
Não tem bis
Faça o diabo feliz...

Deixe o diabo contente
Mostrando os dentes
Continue bancando o valente
Baixando o cacete
Puxando o tapete
De quem
encontrar
pela frente

Arrume inimigos
Não dê ouvidos
A quem disser que
quem fere com ferro
com ferro será ferido

Pise
Esmague
Mate
Pague pra ver
Se o preço for alto não vá se arrepender
Subir é difícil,
mais fácil é descer
E ele te abraça com todo o prazer

E te diz: Ambição,
Egoísmo - o xis da questão
então
Faça o diabo feliz...

Se fingindo
de cego
tudo é lindo

Pela desgraça
- dos outros -
você passa sorrindo
Agindo da forma mais arrogante
Está de pé
e não quer
que ninguém mais se levante

Impressionante
o seu jeito covarde
De explorar a desigualdade
Mergulhando num mar
de Indiferença
parasitando o povo

A recompensa está chegando em dobro

Agora coma o pão que ele amassou
É a opção que restou
O seu reinado acabou
Foi bom enquanto durou
De gigolô
a meretriz

Será que foi isso que você quis?

Ontem ria
hoje
chora

Veja só
Quem ri por último
ri melhor

Faça o diabo feliz

Gabriel Contino
Poeta Brasileiro

sexta-feira, agosto 29, 2008

MAI, nada!

Na entrevista de ontem de Rui Pereira na RTP1, só faltou ao ministro dizer a frase mais célebre deste Executivo: "Em matéria penal, o PS não recebe lições de ninguém", como não recebe em políticas educativas, económicas, sociais, de saúde, etc.

A crença deste Governo na sua total razão em tudo e sobre tudo ficou mais uma vez clara. Juízes pedem alterações aos códigos Penal e de Processo Penal, magistrados também, polícias também, e o próprio Procurador-Geral da República também. O Governo responde com uma alteração à lei das armas. Sendo verdade que é um passo que pode revelar-se importante, não é menos verdade que deixa de fora outros de gravidade semelhante, como a violência do doméstica - um crime que duplicou entre 2000 e 2007, de 11.000 para 22.000 casos -, o tráfico de droga e os crimes menos graves, como o furto simples.

Voltando à alteração anunciada - que ainda precisa de ser aprovada na Assembleia da República -, é de salientar que a prisão preventiva não é suposto ser uma pena efectiva, a menos que tenha acabado o princípio da presunção de inocência. Foi, aliás, este princípio que motivou a alteração do CPP para impedir que, quando alguém é identificado pela polícia, não aguarde ser presente ao juiz nas instalações da polícia.

Os 4.000 da legislatura
Dos 4.000 novos polícias que parecem agora servir de bandeira ao ministro, recorde-se que os mais recentes 2.000 só foram anunciados depois da onda de assaltos com recurso a armas de fogo e só no final do próximo ano estarão no activo. No que diz respeito à PSP, a verdade é que, neste momento, o saldo positivo entre o início de 2006 e final de 2008 é apenas de mais 300 agentes. Aliás, seria, se a Direcção Nacional da PSP não colocasse entraves aos polícias que reúnem já condições para passarem à pré-aposentação até final deste ano.

"A" rácio
"A" rácio de polícias por habitante, como referiu Rui Pereira, é das mais alta da Europa. No entanto, para falar de números com honestidade, o ministro deveria fazer uma análise por cada Comando de Polícia. Recorde-se que, com a Reorganização das Forças e Serviços de Segurança, a PSP viu aumentada a sua zona de intervenção em áreas fortemente habitadas, ao passo que o facto de a GNR, por ser uma instituição militar e reger-se pelo princípio óbvio de qualquer exército em situação de conflito que é a auto-suficiência, continua a ter militares que são mecânicos, sapateiros, cozinheiros e outros, para além dos regimentos de cavalaria, de beleza indiscutível mas de operacionalidade duvidosa. Neste aspecto, Judite de Sousa fez ao citar o exemplo de Odivelas: um polícia para cada 1.209 habitantes.

Policiamento de Proximidade
A efectiva aplicação do Policiamento de Proximidade é urgente e necessária, mas, sobre isso, ficou apenas mais propaganda. Dizer que na Quinta da Fonte há dois anos que era aplicado o Policiamento de Proximidade é denegrir a imagem da instituição que o deveria efectuar. Um Policiamento de Proximidade efectivo implica um conhecimento profundo do meio envolvente, uma articulação com outros organismos locais e instituições sociais. Um Policiamento de Proximidade efectivamente aplicado teria evitado o que se passou na Quinta da Fonte e noutros casos posteriores.

Relatório Anual de Segurança Interna
A Fernanda Câncio debruçou-se sobre o RASI em bruto e apresenta uma série de números comparativos com outros países europeus. Mais uma vez, os números dizem aquilo que nós queremos que diga, vejamos: Entre 2006 e 2007 o número de homicídios voluntários consumados desceu de 194 para 133, uma variação de 31,4% que em muito contribuiu para o decréscimo de 10,5% da criminalidade violenta. Mas a verdade é que, se, há uns anos, os homicídios consumados se verificavam em zonas mais rurais e onde o índice de armas - de caça - por habitantes é elevado, com o crime de homicídio a verificar-se essencialmente, por zangas de vizinhos; a verdade é que a criminalidade violenta e grave baixou nesses distritos e transferiu-se para distritos mais urbanos: Aumentou em Aveiro(9,1%), Braga, (5,1%), Santarém (0,9%) e desceu em Bragança (24%), em Castelo Branco (6,7%), Évora (16,8%), Guarda (54,1%), Vila Real (34%) e Viseu (10%).

Ainda sobre o RASI, e fazendo uma análise a dez anos, podemos concluir que o número de participações registadas pelas forças de segurança foi de 355.069 em 1998 e de 385.876, ou seja, um aumento 30.807 registos.

O Gabinete Coordenador de Segurança
Este Gabinete funciona como uma espécie de yes-man para o que diz o Governo e até para o que não diz. Ontem mesmo, quando um jornal avançava que o MAI estava a estudar a hipótese de colocar segurança privada a fazer patrulhamento em espaços públicos e mesmo bairros problemáticos, o responsável Leonel Carvalho veio logo dizer que sim, que seria uma boa medida. O MAI desmentiu ontem mesmo num comunicado que passo a transcrever:

"O MAI, em resposta a uma pergunta do Jornal de Negócios, esclareceu que não recebeu nenhuma comunicação ou proposta das empresas de segurança, acrescentando que está sempre disponível para colaborar com a sociedade civil no combate à criminalidade. Nada disto significa, como é óbvio, que o MAI encare a possibilidade de substituição das forças de segurança, às quais incumbe a manutenção da ordem pública, pela segurança privada seja em zonas problemáticas ou em locais públicos. Tal ideia, com efeito, nunca foi subscrita, directa ou indirectamente pelo MAI".

A vontade de agradar é tanta que origina coisas destas...

Uma análise às condições socioprofissionais dos polícias, que parece não ter qualquer relevância para esta questão da criminalidade, fica para depois.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Ontem sim, hoje não...

Ontem, na Sic Notícias, o secretário de Estado da Administração Interna, José Magalhães, admitiu rever os Códigos Penal e de Processo Penal.

Hoje, parece que foi mal interpretado e o Ministério da Justiça nega qualquer revisão.

O Procurador-Geral da República vai hoje pedir mais coordenação entre as forças de segurança. Aproveite o momento e peça o mesmo aos membros do governo...

segunda-feira, agosto 25, 2008

Notas soltas

  • Agora que aquilo no Cáucaso parece que está mais calmo, já posso dizer que o senhor Saakashvili tem a visão política e estratégica de uma alcaparra.
  • Agora percebi que o Kosovo da Geórgia não pode ser tão independente como a Ossétia do Sul da Sérvia.
  • Soube que a muda Manuela escreveu para criticar silêncios. Acho que, agora, o PSD tem, finalmente, uma líder credível para levar o partido de vez para o abismo. RIP.
  • Soube que para os números do desemprego não contam os 100.000 em formação profissional (mal) remunerada.

quinta-feira, agosto 21, 2008

Recordar é viver

Há muitos, muitos anos,
Quando um dia, a luz se apagou,
Muitos quiseram trazer de volta,
Aquilo que a noite levou

Homens e mulheres de sonhos feitos,
Armados pelo espírito Liberdade,
Por entre as grades soltavam,
Um olhar de esperança. E de saudade

Calavam-se as bocas sábias,
Algemavam-se as mãos calejadas.
Não sabiam os senhores que mandavam,
Que quanto mais bocas selavam,
Cada vez mais outras se abriam,
Cada vez mais bocas falavam

Não sabiam os senhores que mandavam,
Que as mãos que prendiam,
Eram almas que se soltavam

E um dia fez-se sol,
Lá no alto, bem lá no cimo,
Ergueu-se uma flor. Um Cravo,
Para fazer esquecer tudo.
Anos e anos de amargo travo

Muito tempo depois,
Se calhar tempo de mais,
Os espíritos, que tão livres eram,
Vestiram fato e gravata,
Mas nada de novo trouxeram

Hoje, prendem eles quem pensa,
Acusam de louco quem sonha,
Riem-se de um ideal, de uma crença,
Lançam um olhar sobranceiro,
Sobre quem mais precisa,
Sobre quem devia estar primeiro

E hoje já não sentem,
Agora fazem contas.
E mentem,
Trazem as verdades já prontas

E voltou a escuridão,
Mascarada pela luz artificial,
Que foi trazida pela mão,
De quem se dizia liberal

Não sabem os senhores que agora mandam,
Que não se fecha um pensamento,
Que não se cala uma mão,
Que quando no ar, se ouve um lamento,
Esse som é, na verdade,
O grito da Liberdade,
Trazido pelo vento

Tomá lá um tacho

Vítor Ramalho, um dos deputados do PS que, de vez em quando, põe a cabeça de fora para mandar umas postas de pescada, embora continue, invariavelmente, ao lado do Governo em tudo o que foi votado na AR, é o novo presidente do Inatel.

Parece que a campanha para 2009 já começou mesmo!

terça-feira, agosto 19, 2008

Engenharias

Proponho desde já a substituição de Vicente de Moura por José Sócrates no nosso Comité Olímpico.

Da forma que o nosso engenheiro trabalha os números do desemprego, quer-me parecer que, com um bocadinho de esforço e dedicação do nosso Primeiro, se ele der o mesmo tratamento ao número de medalhas conquistadas, ainda vamos a tempo de sair de Pequim com, pelo menos, umas 48.

Líquidas, claro.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Fado

No dia em que a Vanessa Fernandes trouxe a primeira medalha olímpica para Portugal, Sócrates regressou de férias...

quarta-feira, agosto 13, 2008

Nós por lá - Orgulhosamente só

Laurentino Dias, SE do Desporto, diz que estamos a ter uma "participação honrosa" nestes Jogos Olímpicos.

Concordo.

Depois de se ter elevado tanto a fasquia, o facto de estarmos atrás do Azerbaijão, Zimbabué, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Togo e Usbequistão na lista de medalhas é completamente secundário...

terça-feira, agosto 12, 2008

Cinco Dias - Comentário transformado em posta

Como parece ser mais ou menos evidente, não há comparação entre o BES e este caso da vacaria que, convém que se diga, não tinha vacas, mas sim máquinas e materiais de contrução civil. Eu percebo que dê jeito falar em vacaria, para dar um toque de ridículo à actuação da GNR.

O que considero que também devemos lamentar é o facto de alguém levar menores para um assalto. A Fernanda se calhar não sabe, mas os menores são muito utilizados como escudos em actividades criminosas, com especial incidência no transporte de estupefacientes.
Quanto ao que realmente aconteceu só o inquérito da IGAI - alguém explique ao blasfemo João Miranda o que é a IGAI - poderá apurar as circunstâncias em que aconteceu o disparo e tudo o que aconteceu. Reitero que, para mim, a perda de uma vida humana é sempre de lamentar, e não acredito que o militar que fez o disparo esteja feliz por tê-lo feito.

Depois, temos uma questão de fundo que tende a ser desvalorizada, e sê-lo-á quase de certeza no que vem por aí, que é, precisamente, a natureza militar da GNR. Como militares, os homens e mulheres da GNR recebem um treino muito específico, vocacionado para o combate e o confronto, é por isso que são militares, e isso mesmo tem sido afirmado várias vezes pelo José Maneiro, presidente da Associação de Profissionais da Guarda. E é urgente que esta natureza militar seja terminada para uma força de segurança que lida todos os dias com o cidadão e não com o inimigo.

Outra matéria são as armas utilizadas e a sua fiabilidade. E a Fernanda Câncio até pode ajudar a esclarecer os cidadãos sobre onde páram as novas armas Glock que o MAI anda a anunciar há quase 1 ano e que deveria ter sido entregues até 30 de Novembro de 2007
. http://umtaldeblog.blogspot.com/search?q=armas

E a Fernanda tem boa maneira de sabê-lo, a julgar pela familiaridade que pudemos todos observar na entrevista que fez, há uns tempos, ao Oliveira Pereira.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Espírito Santo

Quinta-feira esteve meio país colado à televisão. Não, não era um comunicado do Presidente da República, mas sim um assalto com reféns a uma dependência bancária. Nada de novo, se atendermos a que é um fenómeno crescente. Mas este fez reféns e foi uma situação que se arrastou desde as 15h05 da tarde - hora a que foi dado o alerta por uma testemunha que se encontrava no multibanco.

O assalto conheceu vários desenvolvimentos, desde a fuga de reféns - e não a sua libertação, o que de resto aconteceu com apenas uma das pessoas que estava dentro BES, devido a um ataque de ansiedade. O desfecho, que já toda a gente conhece, ganhou uma dimensão tremenda, mas vamos por partes:


1. Não acredito que algum elemento da PSP mate por prazer. Acresce ainda, no caso dos snipers do GOE, o facto de apenas poderem disparar após ordem superior. E, depois da ordem dada, não podem falhar.

2. Todos os elementos da PSP - e não só o GOE - que estiveram no local, estiveram submetidos a níveis de stress inimagináveis durante as horas que durou o sequestro. É também para isso que estão preparados, é por isso que integram uma Unidade Especial de Polícia.


3. O lema da UEP é "A última razão". Não é difícil perceber por quê. São isso mesmo, os que actuam quando tudo o resto falhou.

4. É evidente que o desfecho do sequestro não foi o ideal. Ideal, teria sido que não houvesse vítimas; antes disso, que não houvesse reféns; antes disso, que não houvesse assalto. Mas houve e a PSP procedeu da forma possível. E, dentro do possível, a operação foi um êxito: Não houve baixas entre os reféns ou entre as forças policiais.

Dito isto, vamos às reacções:

O Moita Flores, uma espécia de autarca, deixou vir ao de cima toda a sua pequenez, relacionando a nacionalidade dos assaltantes ao acto praticado. A isto não terá sido alheio o facto de também a Imprensa em geral ter referido, até à exaustão, a nacionalidade dos assaltantes. Se fossem dois portugueses, o tratamento seria o mesmo?

Uma viagem pelos sites e blogs coloca a nú um perigo enorme que, até então, parecia estar mais ou menos adormecido. As reacções xenófobas foram tremendas, por parte do cidadão comum. Importa encontrar respostas para isto. O sentimento de insegurança instalou-se e é uma batalha tremenda que as Forças de Segurança têm pela frente. A par disso, a noção e o sentimento de impunidade - muito por culpa das alterações aos códigos Penal e de Processo Penal, que teve como um dos criadores o actual ministro Rui Pereira - que grassa pela aplicação da justiça, faz com que os cidadãos anseiem por ver resultados palpáveis nas acções policiais. E, na acção no BES, foi isso que viram. É evidente que os elogios são efémeros. Se hoje os mesmos que elogiaram a PSP forem multados, os Profissionais da Polícia passam outra vez a bestas.

Blogosfera

Mas se, com mais ou menos exageros, a acção da PSP foi louvada pela generalidade de quem se pronunciou sobre o caso, houve excepções. Nada contra, obviamente. Mas ir tão longe como foi o blasfemo João Miranda no seu blog, roça o ridículo. Pretende o ilustre blogger comparar pela negativa a acção dos snipers e a pena de morte.

Desde quinta-feira que continua o seu esforço absurdo de denegrir a acção dos polícias. Certamente que o João Miranda, se estivesse no lugar da refém que saiu a correr após o tiro do sniper, dirigir-se-ia ao oficial de dia para travar-se de razões e questionar o tiro que matou o assaltante.

Depois, alega ainda que, "em Portugal, não há uma fiscalização independente das polícias". Das duas uma, ou é ignorante - e isso está sempre a tempo de corrigir - ou omitiu deliberadamente a existência da Inspecção-Geral da Administração Interna. E, se foi a segunda hipótese, não é grave. É só desonesto.

A IGAI existe e é dirigida por um magistrado, de nome Clemente Lima. E tem uma actuação bastante visível. Ainda há dias emitiu uma directiva que aconselhava os polícias a não recorrerem à arma em perseguições policiais.

É Agosto, é verdade, e há muito pouco para dizer. Mas, às vezes, estar calado é mesmo o ideal.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Galp - sentimentos à flor da pele

"Isso dói-nos muito" - Ferreira de Oliveira, administrador presidente da Galp, sobre as críticas em torno da queda do preço do petróleo e o não acompanhamento na baixa do preço dos combustíveis.

Começar o dia a ouvir esta frase, dita assim, cheia de sentimento e emoção, arrasa qualquer um.

Cheio de pena do senhor, fui logo pesquisar nesta coisa fantástica que é a Internet e encontrei isto:


E o que nos diz este gráfico? Que o preço do Brent, que serve de referência ao mercado luso, está agora ao mesmo nível do preço mais elevado de Abril de 2006.
Com ainda mais pena do senhor, fui verificar o que nos diz a comparação dos preços médios em 25 de Abril e em 7 de Agosto?

7 de Agosto - Preço médio
Gasolina
Sem Chumbo95 - €1.473
Sem Chumbo98 - €1.612

Gasóleo
Gasóleo - €1.393
Gasóleo + - €1.468

25 de Abril - Preço médio
Gasolina
Sem Chumbo95 - €1.414
Sem Chumbo98 - €1.544

Gasóleo
Gasóleo - €1.284
Gasóleo + - €1.376

Ou seja, com o Brent ao mesmo preço, pagamos hoje mais 6 cêntimos na gasolina S/Chumbo95, quase mais sete cêntimos pela S/Chumbo98, mais 11 cêntimos pelo gasóleo e mais nove cêntimos pelo gasóleo +.
Afinal, é a subir que todos os santos ajudam!

terça-feira, agosto 05, 2008

Cobradores do traque

É uma bela ideia mandar funcionários do fisco a casa das pessoas em pleno mês de Agosto. Tão oportuno como fazer uma comunicação ao país a 31 de Julho.

segunda-feira, agosto 04, 2008

Eu andei por aí - Parte II

Coisas que aprendi durante esta pausa de Verão:

No dia 4 de Agosto, em pleno mês de férias, de turismo, de desenvolvimento da nossa grande actividade económica - dizem - a PSP do Porto tinha apenas duas brigadas (quatro elementos) da Divisão de Trânsito para tratar dos acidentes rodoviários. Aprendi da pior maneira possível, estive à espera de uma delas.

Cavaco falou ao país para dizer ao Governo que ele também manda.

Já rola por aí que os centros comerciais vão estar abertos 24 sobre 24h. Assim de repente, acho que já vi este filme. Os patrões depois recuam e, para demonstrar toda a sua humanidade, não querem abrir 24 horas por dia, mas sim apenas aos domingos. Já me lembro do filme, foi o que se passou com o despedimento sem justa causa do Código Laboral do Governo, da UGT e do patronato.

Há uma proposta lançada para a opinião pública que pretende permitir qualquer coisa como prisão preventiva em part-time. É avançado que, depois de ser condenado em primeira instância, quem está em prisão preventiva e optar por recorrer da pena, passe apenas as noites na cadeia. Ou seja, fica em prisão preventiva mas, depois de condenado, passa os dias em liberdade. Faz sentido, não faz?

O Daniel Oliveira deixou de defender o Bloco para defender o Sá Fernandes.

Já temos cartaz para a Festa do Avante!.

Depois d'O Comércio do Porto, é a vez d'O Primeiro de Janeiro passar por dias terríveis para quem lá trabalha - ou trabalhava. Hoje saiu para as bancas feito pela redacção d'O Norte Desportivo.

Relacionado com o parágrafo anterior, é uma pena que o blog do JPMeneses tenha fechado - espero eu que apenas para férias e vou enviar um mail a tratar disso -, gostava de saber o que tem a dizer sobre esta situação.

Os salários dos trabalhadores podem vir a ser pagos em géneros. Eu sugiro que também os membros do Governo passem a ser pagos em género. Ontem o jantar estava algo picante e, apesar das dores abdominais e do aroma, estou disponível para ceder todos os géneros, devidamente isolados por causa da ASAE, para pagar aos súbditos de Sócrates.

"Ópera para operários

Na Festa do Avante! deste ano haverá ópera. Será, de resto, a grande novidade da festa do jornal do PCP. No Palco 25 de Abril poderá deleitar-se com árias de ‘O Barbeiro de Sevilha’, de Rossini, ‘As Bodas de Fígaro’, de Mozart, ‘Madame Butterfly’, de Puccini, e ‘Porgy and Bess’, do muito americano Gershwin. Para compensar estes desvios claramente burgueses deste Partido-Comunista-em-versão-São-Carlos, também haverá, claro... ‘A Internacional’."

O texto acima lê-se n'O Tempo das Cerejas, foi transcrito do Expresso. Para o imbecil que o escreveu, resta só dizer que, para já, os gostos musicais não pagam imposto, nem são propriedade de quem quer que seja; burguês, nobre, operário ou simplesmente estúpido. Ah! Já agora, a imbecilidade também não paga imposto. Nalguns casos, infelizmente.

Já temos Acordo Ortográfico e parece que vai mesmo para a frente. Sou frontalmente contra e a fúria deste Governo avança até ao ridículo de decretar a forma como escrevemos. Dizem que é importante por causa da projecção internacional do português. Já agora, alterem também a Lei da Rádio e universalizem o português. É que a lei considera os cantores brasileiros, que cantam no agora português universal, música estrangeira.

Amanhã há mais.

segunda-feira, julho 07, 2008

O medo

Já tinha saudades de ler o Pedro Correia escrever sobre o PCP. Desta vez o tema foi a incontornável Ingrid.

Depois de, surpreendentemente, elogiar Saramago, que ainda há uns tempos era um decrépito apoiante das atrocidades cubanas. Nos comentários ao texto cuja ligação está na primeira linha do texto, o autor fala ainda em clima claustrofóbico dentro do PCP.

Por coincidência, ainda ontem conversava sobre a minha desconfiança em relação a elevadores, quando olhava para um submarino que passava na tv.

Voltando ao post do Pedro Correia, aqui fica o esclarecimento às afirmações falsas que faz. Falta é saber se quer ser esclarecido...

VOTO DE CONGRATULAÇÃO
Ingrid Betancourt em liberdade


Após seis anos de cativeiro na selva, é motivo de justa satisfação o regresso à liberdade de Ingrid Betancourt, ex-candidata presidencial colombiana. O resgate de Ingrid Betancourt coloca em evidência a gravidade da situação em que se encontram centenas de prisioneiros na posse da guerrilha e nas prisões do regime de Álvaro Uribe e a necessidade de encontrar uma solução humanitária. Assinale-se que, sistematicamente, o Governo da Colômbia tem vindo a sabotar negociações, mediadas por responsáveis de diversos países, no sentido da troca de prisioneiros entre as partes do conflito. Os complexos problemas em presença na Colômbia, exigem uma solução política e negociada de um conflito que se arrasta há mais de 40 anos, indissociável de um regime que promove o agravamento da exploração, da repressão e das perseguições, incluindo milhares de assassinatos e brutais torturas, fortemente condicionado pela ingerência política e militar da administração norte-americana. A necessidade de uma solução negociada para o conflito na Colômbia, torna-se ainda mais urgente num quadro em que os EUA o procuram radicalizar e instrumentalizar, como justificação para o reforço da presença de forças militares e como forma de desestabilização da região e dos países que a integram, com risco de escalada militar e ameaça à paz.

Nestes termos, a Assembleia da República:
1- Congratula-se pelo regresso à liberdade de Ingrid Betancourt.
2- Exprime o seu desejo de que a liberdade de Ingrid Betancourt possa contribuir para um caminho de paz para a Colômbia.
3- Apela às partes envolvidas para que encetem negociações no sentido da libertação de todos os prisioneiros.
4- Valoriza todos os esforços orientados para alcançar uma solução política negociada.
5- Apela às partes para que se empenhem na busca de uma solução política negociada do conflito, que dura há mais de quatro décadas.
6- Manifesta-se pelo respeito da soberania do povo colombiano na definição dos destinos do seu país.

Assembleia da República, 4 de Julho de 2008

Moção apresentada pelo grupo parlamentar do PCP

Moção rejeitada com os votos contra do PS, PSD, BE e CDS.

sexta-feira, julho 04, 2008

Água vai!

No meio da lama, a Águas de Portugal pagou alguns milhões de euros em prémios aos seus empregados.

Tenho enrome curiosidade em saber se nos empregados se incluem administradores e outros funcionários de topo, mas tal ainda não me foi possível...

Alguém esclarece?

quinta-feira, julho 03, 2008

Eu andei por aí

Eu andei por aí e, nestes dias, houve de tudo.

Portugal foi eliminado do EURO, Manuela Ferreira Leite foi ver o neto a Londres e deu uma entrevista à TVI, Jaime Silva esteve no seu melhor, o Cebola foi para o FC Porto, o Benfica já contratou 387456387 jogadores, a UGT acedeu à voz do dono e assinou o Código Laboral, o Bastonário da Ordem dos Advogados voltou a debitar umas bocas absurdas e mais e mais e mais.

Sócrates deu uma entrevista e ficámos a saber que, afinal, vão ser as instituições do Estado a suportar a crise. Não será o Governo, directamente, mas as Autarquias, as mesmas que asfixiou desde que chegou ao poder.

Ou seja, as instituições privadas que lucram com a crise, vão continuar a lucrar mais e mais e mais e mais.

Volto já!

quarta-feira, junho 18, 2008

Eu prometi!




Os comunistas, esses eternos pessimistas que não percebem a economia...


"Boa noite. Há quatro anos, nesta mesma estação de televisão, Miguel Urbano Rodrigues avisava que o mercado havia de fazer disparar o preço do barril de petróleo para os 125 dólares. E. na altura, o mundo virtual da opinião bloguista, criticou-o pela visão catastrófica do capitalismo, pela visão comunista ortodoxa"
Quantos sapos envio para engolirem os mestres da economia?
Há coisas fantásticas, não há?

A vantagem das pré-campanhas e a incrível visão económica de Jorge Coelho

Construção: Portugal com maior subida mensal na União Europeia - Eurostat
O sector da construção português cresceu 10,6 por cento em Abril face ao mês anterior, conseguindo a maior subida mensal na União Europeia (UE) no sector, segundo revelam os dados hoje divulgados pelo Eurostat.

Face a Abril do ano passado, o crescimento de Portugal foi de 4,4 por cento.
De acordo com o gabinete de estatística da UE, a construção na Zona Euro caiu 2,8 por cento no mês de Abril, quando comparado com o período homólogo do ano anterior, e 0,8 por cento face ao mês de Março.

Na União Europeia, o decréscimo foi menor quer face ao mês de Março (0,4 por cento), quer relativamente ao ano passado (0,3 por cento).

Depois de Portugal, a Bulgária e a Polónia foram os países que conseguiram mais crescimentos mensais, com 6,9 e 3,2 por cento de subidas, respectivamente.

As maiores quedas deste indicador ocorreram em Espanha (caiu 6,5 por cento face ao mês anterior) e Alemanha (-2,9 por cento).

Os dados da Eurostat referem-se ao índice sazonal ajustado do sector da construção.

Notícia Lusa.


Umas auto-estradas que levam a lado nenhum, umas alienações de património a favor de privados, uns centros de 3.ª idade e aí temos um sector económico que nem se lembra do preço dos combustíveis!

Foi o melhor Coelho que o Jorge tirou da cartola!

segunda-feira, junho 16, 2008

breves

Não há tempo:

Para actualizar a lista ali ao lado;

Para perceber por que é que nos referendos sobre a UE, quando o voto é positivo é porque o Povo está informado e quer uma Europa forte; quando o voto é negativo é porque o povo é ignorante e quer castigar as políticas nacionais;

Para perceber o que estão aqueles quatro senhores a discutir no Prós & Prós;

Para perceber o que leva a RTP a ter um programa chamado "Conversas de Mário Soares";

Para perceber se a mesma RTP paga mais ao pessoal da Antena 1, que trabalha para a rádio Antena 1, para transmitirem o programa Antena Aberta na RTPN.

quinta-feira, junho 12, 2008

Lost

Um morto, pelo menos três feridos, pelo menos três camiões incendiados.

Alguém viu por aí um primeiro-ministro, nem que seja a falar inglês técnico?

domingo, junho 08, 2008

Arrastadeira (II) ou: A Esquerda, os entendimentos e os diálogos possíveis

Excertos daqui.

Daniel Oliveira:
Bruno: em que encontrou as respostas que procura.
Já agora, qual é o modelo económico, social e jurídico que, por exemplo, o PCP defende.

rms:
“Daniel Oliveira:
Bruno: em que encontrou as respostas que procura.
Já agora, qual é o modelo económico, social e jurídico que, por exemplo, o PCP defende”.
Eu sei, e o Daniel sabe quais são os modelos económico, social e jurídico que o BE defende?

Daniel Oliveira:
Eu nem sei, neste tempo que vivemos, o que é isso de ter UM modelo económico. Sei o que é ter objectivos, princípios, coisas a conquistar e a defender.
Se ler o programa do PCP é completamente social-democrata. Depois tem uma leitura ideológica que não tem, não quer, nem se deve confrontar com a realidade, pois não é essa a função que o PCP lhe atribui. A própria forma como o PCP trata o marxismo é absolutamente anti-marxista. É dogmática e quase religiosa.
Sempre que falamos de qualquer exepriência comunista os militantes dizem que não é esse o modelo que defendem para Portugal. Quando perguntamos qual é não temos resposta. E quando chegam ao fim lembram aos outros que são os únicos que o têm.
Eu não tenho um modelo. Não tenho, confesso. Tenho várias soluções, respostas e dúvidas. Coisas a que me oponho e que defendo e que tento que sejam ideologicamente coerentes. Não tenho um modelo. E sinceramente, nisto os comunistas que conheço estão iguais a mim. Também não têm. O que foi experimentado foi mau e ainda não se pensou em melhor.
Feita a confissão da minha franqueza, a de ser um ateu, ajude-me: qual é o modelo então que dá ao PCP essa superioridade que lhe permite defender o capitalismo angolano e o capitalismo chinês? Estão mais próximos do tal modelo?
É que eu só encontro uma ponto em comum nos vários regimes pelos quais o PCP tem simpatia: não há liberdade política. De resto, não há modelo nenhum.
Se me diz que é o “socialismo”, então eu digo-lhe que isso não é resposta. Também é o meu, só que esse são milhares de modelos diferentes. Se me diz que é o comunismo, tem de me explicar o que será diferente do que tivemos. Se me diz que é a reconstrução disso tudo eu dou-lhe os parabéns e digo-lhe que está tão à nora como eu e como nós todos.
Porque neste tempo podemos ter algumas certezas. Mas quem tenha uma certeza, um modelo, uma resposta, está apenas no campo da religião. Nada tem a ver com política.


rms
Caro Daniel Oliveira:
Tendo em conta a quantidade de respostas que dá a perguntas que não me fez, deixe-me clarificar que não perguntei ao Daniel Oliveira quais os modelos social, económico e jurídico que o Daniel Oliveira defende, perguntei qual os modelos social, económico e jurídico que o Bloco defende. E são coisas completamente distintas, tendo em conta a liberdade Daniel Oliveira, que tanto pode defender uma economia de mercado, como uma economia ultraliberal ou qualquer outro tipo de economia, porque o BE é isso mesmo, uma amálgama de coisas que redundam em coisa nenhuma.
O facto de haver uma linha ideológica coerente faz com que apelide de religiosa a forma do PCP de encarar a política. Está no seu direito, para mim, é só mais um rotuleiro que cataloga tudo e todos os que não concordam com aquilo que defende; e, claro, isso sim, é democracia.
Essa forma de estar, cheia de superioridade intelectual e moral que despeja aqui mais não é que um ressabiamento em relação ao PCP, que, confesso, me faz alguma confusão.
Percebo que sendo o PCP uma religião, como afirma, passe mais tempo a denegrir um sector fundamental da Esquerda que quer unir; afinal, o Daniel é ateu;
Mas sendo o PCP uma religião, como diz, espanta-me que um ateu convicto como o Daniel Oliveira não se importe de estar ao lado dos seus militantes, como acontecerá já amanhã, segundo diz - porque a repetir o que sucedeu já em variadíssimas outras ocasiões, o Daniel Oliveira irá atrás de uma faixa identificada com o símbolo do Bloco, quando os restantes manifestantes seguem atrás de faixas de sindicatos e associações, independentemente do seu partido - chama-se a isto o respeito pela diferença no seio da CGTP, que o Daniel tanto apregoa, mas quando é para propaganda, lá vem o PCP outra vez instrumentalizar a Inter.
É que, ao contrário de noutros partidos e blocos, são os militantes que fazem o PCP, não é um ideólogo iluminado que dita a conduta do rebanho.
Confesso que fiquei desiludido com o argumentário que utiliza - equiparável ao que é utilizado pela direita mais reaccionária - em relação a modelos económicos de alguns países e, neste aspecto, transcrevo:
“Embora com graus e aspectos diferenciados, deve ser valorizado na resistência à nova ordem imperialista, o papel dos países que definem como orientação e objectivo a construção de uma sociedade socialista - Cuba, China, Vietname, Laos, R. D. P. da Coreia.
Para além de apresentarem profundas diferenças entre si, estes países constituem importantes realidades da vida internacional, cujas experiências é necessário acompanhar, conhecer e avaliar, independentemente das diferenças que existem em relação à nossa concepção programática de sociedade socialista a que aspiramos para Portugal, e de inquietações e discordâncias, por vezes profundas e de princípio, que nos suscitam”.
Isto está na Resolução Política aprovada no último Congresso do PCP, o resto são devaneios do Daniel, talvez por causa do clima abafado que estava no Teatro Trindade.
Quanto ao resto:“1. No ideal e projecto dos comunistas, a democracia tem quatro vertentes inseparáveis - política, económica, social e cultural.
democracia política baseada na soberania popular, na eleição dos órgãos do Estado do topo à base, na separação e interdependência dos órgãos de soberania, no pluralismo de opinião e organização política, nas liberdades individuais e colectivas, na intervenção e participação directa dos cidadãos e do povo na vida política e na fiscalização e prestação de contas do exercício do poder;democracia económica baseada na subordinação do poder económico ao poder político democrático, na propriedade social dos sectores básicos e estratégicos da economia, bem como dos principais recursos naturais, na planificação democrática da economia, na coexistência de formações económicas diversas, no controlo de gestão e na intervenção e participação efectiva dos trabalhadores na gestão das empresas públicas e de capitais públicos;democracia social baseada na garantia efectiva dos direitos dos trabalhadores, no direito ao trabalho e à sua justa remuneração, em dignas condições de vida e de trabalho para todos os cidadãos, e no acesso generalizado e em condições de igualdade aos serviços e benefícios sociais, designadamente no domínio da saúde, ensino, habitação, segurança social, cultura física e desporto e tempos livres;democracia cultural baseada no efectivo acesso das massas populares à criação e fruição da cultura e na liberdade e apoio à produção cultural”.
O resto, encontra em
http://www.pcp.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=13&Itemid=39#27
Já no caso do BE, não encontra em lado algum, por um motivo simples: Não se encontra o que não existe.

Ou seja, o carácter "revolucionário" do BE resume-se a pensar muito e diferente; todos diferentes. Quem pensar da mesma forma é seguidista e debita cassetes. Desde que não seja no Bloco, porque por lá todos são bem-vindos: até o deputado indignado que faltou à votação da moção de censura que o BE apresentou, embora tenha dito que votaria contra, se lá estivesse.

Basicamente, não há um fio condutor, vivem o imediato e o mediático. Espero, muito sinceramente, que o PS não consiga maioria absoluta no próximo ano. Aposto que vai dar para tirar uma série de dúvidas...

E pronto, o diálogo resume-se a isto. Agora, pelo blog que linkei lá em cima, discute-se a aliança em Lisboa entre Sá Fernandes e o PS.

O dono do Arrastão continua no esforço hercúleo de defender o homem e atacar as decisões. É a coerência bloquista.


PS: Não, o grande adversário não é o BE, mas sim a direita. Mas há coisas que não podem passar sem resposta. E falar em Esquerda sem falar no PCP, é mais ou menos como falar em francesinha sem molho...

sexta-feira, junho 06, 2008

O medo da rua

Desde putos que somos habituados a ter medo da rua. Ouvimos, vezes sem conta, o prudente "não vás para a rua" saído da boca dos nossos pais. É coisa recente, com uns 40 anos ou 50 anos. Até então, não havia muito a temer nas ruas, porque os automóveis eram poucos as estradas ainda menos, muitas o acesso a elas estava politicamente vedado.

Hoje já não é assim. A rua exige cuidados quando a atravessamos, às vezes nem a passadeira nos safa.

Santana Lopes estendeu uma passadeira que permitiu a Sócrates atravessar as eleições com uma maioria absoluta que lhe deixou um enorme campo de manobra. De mão dada com a Imprensa, Sócrates foi fazendo e desfazendo o que bem entendeu, da forma que melhor quis, deixando apenas a alternativa da rua para a contestação.

Sócrates não tem medo das ruas. Tendo em conta o seu passado político, não sei se alguma vez teve.

Ontem, nas ruas, perto de 250.000 pessoas manifestaram-se.
Para Sócrates, podiam até ter sido 1.000.000.

A constante desvalorização do governo em relação às manifestações não cansa os portugueses. Acredito que lhes dá mais força. Mas é um caminho perigoso.

Desvalorizar as formas democráticas de descontentamento contra seja o que for, é empurrar quem protesta para outros modos menos convencionais, até que sejam ouvidos e respeitados por quem tem o dever de respeitar quem representam.

A luta continua!