quinta-feira, janeiro 08, 2009

Futebol com causas

Vamos parar de discutir, por momentos, se o Benfica jogou mal na Trofa e em Guimarães, se o FC Porto é um justo líder ou se o Miguel Veloso é realmente um jogador de futebol. Paremos, só por momentos, para pensar se o futebol é ainda um desporto de massas ou se o preço dos bilhetes o transforma num luxo que, ao vivo, só pode ser assistido pelos menos pobres. Paremos e pensemos se é possível ainda haver causas no futebol, para além das campanhas institucionais anti-racistas e a favor do fair-play. Se ainda é possível, para além das tradicionais visitas de Natal a hospitais e instituições de acolhimento a crianças, haver jogadores de futebol que se interessem por alguma coisa para além da bola.

São casos cada vez mais pontuais e raríssimos os exemplos daqueles a quem a fama e o dinheiro não subiu à cabeça e ocupou a zona do cérebro destinada à sensibilidade social a troco de coisa nenhuma.

Há uns anos, Filipovic, talvez a treinar o Salgueiros, não tenho a certeza, e Drulovic, então a jogar no FC Porto, participaram em acções de luta contra o desmembramento da Jugoslávia pelas forças da NATO.

Exemplos raríssimos vêm também lá de fora, onde se destaca o italiano Cristiano Lucarelli que se divide entre os relvados e a causa socialista.

Ontem, em Espanha, Frederic Kanouté, internacional do Mali, deixou as cores do Sevilha e, para festejar um golo frente ao Depor, envergou a camisola da causa palestiniana.

Não quero aqui debruçar-me sobre a questão de Gaza. Não é difícil saber a minha opinião relativamente a Israel, mas considero importante esclarecer que em termos políticos, tanto os eternos aliados dos EUA como o Hamas me merecem o mesmo comentário: Não simpatizo com países, partidos, movimentos e tudo o mais que tenha a ver com religião. Se o Hamas é composto por fundamentalistas islâmicos, o governo de Israel é composto por fundamentalistas judaicos.


O que realmente me preocupa é o massacre de inocentes e a miséria - para mim a grande raiz do fundamentalismo islâmico - daquela gente de Gaza. E isso vai além da política e entra no campo do sentimento de humanidade, que há cada vez menos.


Ontem, Kanouté, jogador de futebol, goleou uma série de governos e governantes.


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