segunda-feira, maio 04, 2009

1.º de Maio - Porto - O PCP a dividir os trabalhadores II

Antes de mais, devo dizer que este deve ter sido a maior desfile do 1.º de Maio em que participei. Muita gente, mesmo. Bonito de ver os Aliados pintados de protesto, luta e confiança. À parte disso, mais ou menos uma hora antes chegou um grupo de supostos precários, vindos de uma outra manifestação/concentração organizada pelos próprios. Fizeram o seu próprio circo, devidamente afastados dos restantes participantes no desfile, organizado pela União de Sindicatos do Porto.

Quando se aproximava o início da marcha, os jovens colocaram-se na cauda da manif, por trás da faixa do BE. Diga-se que o BE continua a ser o único partido que utiliza o Dia do Trabalhador para distribuir propaganda partidária, sendo, ao mesmo tempo, o único que se apresenta com uma faixa com o logo do boneco vermelho.

Ora, como, hoje em dia, há a necessidade legal de, quando se convocam manifestações, haver responsáveis que, em caso de desacatos são responsabilizados, a organização é cada vez mais fundamental nestas situações.

Mesmo assim, os jovens precários e o precário Soeiro quiseram desfilar e fizeram-no, atrás da faixa do Bloco, apenas não tendo sido permitido a entrada no desfile de um carro de som. Esse mesmo carro, que antes havia pensado na hipótese de deslocar-se para a Rua de Ceuta e, de lá, furar para integrar o desfile, chegou mesmo a avançar contra um dos elementos da organização, devidamente identificado. O incidente agradou a alguns dirigentes bloquistas, que davam ordens a um jovem para que filmasse tudo, "mas de forma natural".

Assim foi o 1.º de Maio no Porto, para este grupo de jovens precários, que, pelos vistos, não se identifica com os trabalhadores - não se consideram tal - nem se vê representado nos sindicatos. Por isso, não deixa de ser curioso que um dirigente bloquista tenha ostentado o pin da CGTP, para legitimar a sua presença no desfile - como se ser sindicalizado fosse condição obrigatória para integrar o desfile do 1.º de Maio.

Afinal, quem divide os trabalhadores?

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