quarta-feira, março 31, 2010

Quanto custa um trabalhador?

Voltou a estar na ordem do dia a luta dos enfermeiros pela equiparação salarial aos licenciados de outras áreas que entram na Função Pública, auferindo 1.200 euros mensais. E eu, de forma gratuita e sem dados que o comprovassem, disse que a tributação justa das mais-valias bolsistas serviam para pagar a colocação dos enfermeiros na posição remuneratória adequada durante 20 anos. No entanto, não encontrei dados objectivos sobre este facto. Encontrei outros, sobre a tributação à banca, feita a 15%, quando para as restantes empresas é de 25%. Vamos, portanto, aos factos:

Segundo a ministra da Saúde, há 6.000 enfermeiros que deveriam ser recolocados na posição remuneratória dos 1.200 euros . O salário dos enfermeiros que entram na Função Pública é de 1.020 euros. Tomando este valor chegamos a um reposição na tabela no valor de 180 euros, que pode muito bem ser inferior, atendendo a enfermeiros que ganhem mais por estarem noutras posições remuneratórias. Mesmo assim, façamos as contas:

Um aumento de 180 euros durante 14 meses vale 2.520 euros anuais para cada enfermeiro. Multiplicado por 6.000, custaria ao Estado 15.120.000 de euros anuais. Ora, 15.120.000 de euros é uma pipa de massa. E todos concordamos neste ponto.

Entra aqui a história dos sacrifícios repartidos, da situação difícil, do abismo e da insensibilidade dos sindicatos perante o país. Vejamos com factos a distribuição dos esforços:

"Segundo a dados da APB, no período 2005-2008, ou seja, com este governo, os bancos representados nesta Associação tiveram 10.588 milhões de euros de lucros. Por estes lucros a banca só pagou 1.584 milhões de euros de imposto, o que corresponde a uma taxa efectiva média de apenas 15%. Se a banca tivesse pago a taxa legal (25% de IRC mais 2,5% de Derrama) o Estado teria arrecadado mais 1.328 milhões de euros de receita."

Temos assim 1.328 milhões de receita perdida. Dividindo o valor pelos anos de 2005, 2006, 2007 e 2008, chegamos a cerca de 330.000.000 por ano. Pegando nos 15.120.000 euros que custará este ano a actualização dos salários dos enfermeiros e multiplicando por 20 o número de anos em questão, chegamos ao valor de 302.400.000 euros.

E pronto.

1 comentário:

Anónimo disse...

Patrões têm qualificações inferiores às dos trabalhadores

Os empresários portugueses apresentam uma média de habilitações literárias inferior à dos trabalhadores, noticia esta sexta-feira o jornal Público com base em números do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Apenas 9% dos patrões possuem uma licenciatura, valor que compara com os 18% dos trabalhadores que têm este grau académico.

As habilitações dos empregados portugueses distribuíam-se da seguinte forma: 65% possuía baixas qualificações (ensino primário ou secundário inferior), 16% tinham o secundário superior e 18% possuíam licenciatura.

Entre os empresários, 81% apresentavam baixas qualificações, 10% possuíam o secundário superior e apenas 9% concluíram o ensino superior.

Por comparação, em Espanha os trabalhadores com licenciatura ascendiam a 37%, acima da média da União Europeia (29%). Os empregados espanhóis com baixas qualificações eram 40%, acima dos 21% de média europeia.

No que toca aos empresários espanhóis, 28% possuíam formação superior, um ponto percentual acima da média da UE